1/9/2024

Nos últimos tempos mudou-se radicalmente o hábito de leitura do brasileiro. A tecnologia está presente cada vez mais no dia a dia das pessoas e, em relação aos livros, não é diferente. Em muitos casos, o leitor trocou o livro de papel pelo virtual. Mas isso não quer dizer que os títulos físicos serão extintos.

         Para o coordenador do curso de Letras do UGB-FERP, professor Alexandre Batista, o hábito de leitura modificou-se profundamente no modo, no meio de suporte dos diferentes textos. Mas é interessante observar que não mudou a essência do processo de leitura.

“Esse é um grande equívoco contemporâneo: lê-se mais, mas os dados mostram que se compreende menos ou igual ao período de circulação predominante de textos impressos. Os diferentes suportes digitais de textos viabilizaram o maior acesso às informações. Então, de modo geral, as pessoas leem mais, pois o celular é um grande aliado dessa difusão. Entretanto, o que se deve observar é a qualidade dessa leitura. Não em relação aos tipos de textos (literários ou não literários), mas em relação à compreensão do que é lido, da seleção das fontes, da exclusividade desses textos recebidos”, salienta o coordenador.

         As bienais de livros ainda cativam os leitores, por isso Alexandre não aposta que os livros em papel irão sumir. “As bienais têm demonstrado que o texto impresso ainda tem lugar na sociedade. Aqui no Rio de Janeiro, os governos têm viabilizado a ida dos estudantes à bienal e as escolas privadas também levam os estudantes nesse evento. Não acredito que o livro impresso suma da realidade brasileiro, uma vez que a escola ainda é uma grande incentivadora da leitura do texto impresso”, reitera.

         Falando no meio acadêmico, Alexandre afirma que o profissional de Letras tem na leitura seu principal objeto de trabalho. “Os documentos oficiais que organizam a Educação Básica, como a BNCC, por exemplo, estabelecem objetivos que os estudantes devem alcançar gradativamente na proficiência em leitura, que, paralelamente, desenvolve também a produção de texto escritos. Então, os estudantes de Letras, futuros professores de língua e literatura, precisam ter sido afetados pelas diferentes estratégias de leituras apresentadas no curso de Letras do UGB, o que os habilita para o trabalho em qualquer sala de aula”, explica.

         De acordo com Alexandre, já há alguma mudança na maneira de ensinar hoje, levando em consideração as novas tecnologias. “Hoje não se pode simplesmente estabelecer o que os estudantes da Educação Básica devem ler. É necessário que haja negociação de temas interessantes, criar rodas de debate e conversa sobre temas, de modo a mobilizar a atenção dos estudantes. Enfim, tem de haver muito diálogo em sala de aula”, salienta o professor, que completa:

“É bom ressaltar a importância da escola no incentivo da leitura, pois ela é um espaço privilegiado onde textos selecionados pelo professor podem ser divulgados, apreciados e discutidos. Essa é uma tarefa que a escola não pode abrir mão”, finalizou.